Read, Comment and Enjoy!
Click on the Subscribe button below to receive regular updates.
Resumo: Considerando-se a forte relação existente entre linguagem, cultura e sociedade e o importante papel desempenhado pelas línguas autóctones na consolidação da norma linguística do Português do Brasil (PB), este trabalho teve como principal objetivo verificar a contribuição da língua tupi para a fraseologia brasileira por meio da análise de fraseologismos que contemplam designações para animais nessa língua indígena. O estudo fundamenta-se em critérios classificatórios de unidades fraseológicas de Corpas Pastor (1996), em critérios classificatórios de sintagmas fixos de Borba (2003) e em pressupostos teórico-metodológicos da Fraseologia. A análise semântica das unidades fundamentou-se em obras lexicográficas de língua indígena, gerais da língua portuguesa, e de fraseologia. Utilizou-se buscador Google como indicador da frequência de uso das expressões selecionadas.
Palavras chave: Norma linguística; fraseologia; unidades fraseológicas; tupi.
Abstract: Given the strong relationship between language, culture and society and the important role of indigenous languages in the consolidation of linguistic norm of Brazilian Portuguese (BP), this work aimed to verify the contribution of Tupi language for Brazilian phraseology by phraseologisms analysis that include designations for animals at this indigenous language. The study is based in classification criteria of Corpas Pastor phraseological units (1996), in classification criteria for fixed phrases of Borba (2003) and in theoretical and methodological assumptions of Phraseology. Semantic analysis of the units was based in lexicographical works of indigenous language, general of Portuguese language and Phraseology. We also used the Google search as a frequency indicator of use of selectedexpressions.
Key-words: Norma linguística; fraseologia; unidades fraseológicas; tupi.
Introdução
A vertente brasileira da língua portuguesa traz em seu âmago as influências linguísticas e culturais dos povos que participaram da consolidação da nação brasileira desde os primórdios de sua colonização à contemporaneidade. Desse modo, não constitui exagero afirmar que o léxico de nossa língua configura-se como uma testemunha viva dessas interações.
No entanto, durante o Período Colonial, num cenário onde tantas etnias e culturas se mesclaram, a língua tupi destacou-se como o idioma que “maior influxo exerceu no português, porque era a mais importante, a mais falada, e funcionava mesmo como uma espécie de ‘língua segunda’ de certos grupos aborígenes não-tupis” (MELO, 1981, p. 41).
Nesse sentido, partindo dos pressupostos de que os fraseologismos expressam de modo significativo, pitoresco e persuasivo a cultura da sociedade em que estão inseridos (RIVA 2009, p. 23), de que “um dos traços característicos da cultura brasileira é o ruralismo, a vida no campo, o contato direto com a natureza” e de que “numa amostra dos vinte provérbios [brasileiros] mais comuns, onze têm como núcleo um nome de animal” (BORBA, 2003, p. 38), este estudo buscou verificar o índice de contribuição do idioma tupi para a fraseologia brasileira considerando-se o campo léxico da fauna, justificando-se a pesquisa por seu ineditismo, uma vez que são praticamente inexistentes trabalhos de análise de fraseologismos que contemplem vocábulos desse idioma.
Procedimentos metodológicos
A seleção das unidades fraseológicas se deu mediante a leitura do Dicionário Tupi Português – Com esboço de gramática de Tupi Antigo (TIBIRIÇÁ, 1984) a fim de verificarem-se quais designações para animais registradas por esse estudioso estão presentes na fraseologia brasileira, o que resultou no levantamento de 8 lexias que estão presentes nos 9 fraseologismos que embasam este estudo, a saber: (i) Bêbado (a) /beber como (o/um) gambá; (ii) Boca de siri; (iii) Boi de piranha; (iv) Comer (o/um) gambá errado; (v) Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas; (vi) Ficar/estar uma arara; (vii) Jacu do mato; (viii) Nariz de tucano; (ix) Perna de saracura.
A análise pautou-se principalmente na classificação elaborada por Corpas Pastor (1996) por ser esta “una de las más citadas y empleadas por los especialistas” (MONTORO, 2006, 80) e na classificação sintagmática de Borba (2003).
Para a fundamentação semântica da análise tanto os fraseologismos selecionados quanto as unidades léxicas de origem tupi que os embasam foram confrontados com explicações e com definições constantes no já citado dicionário de língua tupi de Tibiriçá (1984), nos dicionários gerais da língua portuguesa Houaiss (2001) e de Ferreira (2004), e no dicionário de fraseologismos de Riva (2009).
Levando-se em conta que para os casos de frequência e de ocorrências de lexias, principalmente das “complexas e figuradas da língua geral (provérbios, expressões idiomáticas, gírias, etc.), é imprescindível utilizar a WEB como base de dados” (XATARA-RIVA, 2010, p. 320), utilizou-se o buscador Google como indicador de frequência de uso das expressões selecionadas.
Fundamentos para a identificação e a análise dos fraseologismos
Sendo o léxico um sistema aberto e, portanto sujeito tanto à ampliação quanto à encolha, durante o processo comunicativo, os usuários de uma língua organizam seus enunciados por meio de combinatórias de palavras. Essas combinações podem resultar em fraseologismos que de acordo com Corpas Pastor (1996, p. 270-271), classificam-se em três esferas: a das colocações, a das locuções e a dos enunciados fraseológicos que, por sua vez, se subdividem em parêmias e fórmulas de rotina.
Segundo a concepção dessa autora, as colocações caracterizam-se como unidades pluriverbiais ou polilexicais sem idiomaticidade e que apresentam considerável grau de restrição, ou seja, seus elementos são utilizados juntos com relativa frequência no discurso. São exemplos de colocações no PB as seguintes estruturas: verbo+ substantivo; verbo+ preposição + substantivo; adjetivo/substantivo+substantivo;
substantivo+ preposição+substantivo; Verbo+advérbio; Adjetivo + advérbio (construção típica do Espanhol)[1].
Já as locuções apresentam maior grau de fixação interna que as colocações, no entanto não constituem enunciados completos e geralmente apresentam-se como elementos oracionais (Montoro, 2006, p. 80), sendo que, de acordo com o critério de classificação utilizado por Corpas Pastor (1996, 270), as possibilidades de locuções no PB são as seguintes: locuções nominais, adjetivas, adverbiais, verbais, prepositivas, conjuntivas e frasais.
Os enunciados fraseológicos por sua vez são conceituados por essa autora (idem, p. 187) como unidades de comunicação mínima que se constituem por meio de sua fixação na fala e que se subdividem em parêmias e fórmulas de rotina. Constituem espécies de parêmias os enunciados de valor específico, as citações, os rifões, os adágios, os provérbios, as máximas, os princípios, as sentenças e os apotegmas. Quanto às fórmulas de rotina, estas se subdividem em fórmulas discursivas e fórmulas psicossociais, sendo que as discursivas exercem função organizadora no contexto em que estão inseridas e podem evidenciar a atitude do emissor com relação ao que é dito. São de duas espécies: de abertura ou encerramento e de transição.
As fórmulas psicossociais por seu turno, são mais abundantes e aplicam-se a uma gama muito maior de contextos interativos; geralmente explicitando os sentimentos do locutor, bem como seus estados mental e emocional e subdividem-se em 5 categorias: i) as fórmulas expressivas, que abrangem as de desculpas, de consentimento, de recusa/rejeição, de agradecimento, de desejar boa sorte/bons desejos, de solidariedade e de insolidariedade; ii) as comissivas, que incluem as fórmulas de promessas e de ameaças; iii) as diretivas, que englobam as de exortação, de persuasão, de informação e de ânimo; iv) as fórmulas assertivas, que são de asseveração ou emocionais e v) as rituais que podem ser de saudação/cumprimento ou de despedida. De acordo com Corpas (1996, p. 20), os fraseologismos distinguem-se das demais unidades léxicas pela frequência, pela institucionalização, pela fixação, pela idiomaticidade, pelavariação e pela gradação.
Com relação à classificação dos sintagmas fixos, Borba (2003, p. 28) expõe que estes se subdividem em dois grupos: o dos sintagmas verbais (SV) e o dos sintagmas nominais (SN). De acordo com esse autor (idem, p. 28-29) “um sintagma fixo constituído por um sintagma nominal pode ter a seguinte organização”: i) nome + adjetivo; ii) nome + sintagma preposicionado; iii) nome + preposição + nome; iv) nomes coordenados; v) quantificador + nome, vi) adjetivo + verbo[2], vii) oração, viii) adjetivo + sintagma preposicionado, ix) adjetivos coordenados, x) advérbio + adjetivo, xi) preposição + nome preso, xii) preposição + nome e xiii) preposição + sintagma nominal.
Borba (2003, p. 29) esclarece ainda que a associação desses sintagmas com os chamados verbos de suporte (Vsup) segue o mesmo esquema: i) ser + nome/sintagma nominal/sintagma preposicionado/adjetivo, ii) ter + nome/sintagma nominal/sintagma preposicionado, iii) estar + sintagma preposicionado e iv) ficar + sintagma preposicionado.
Quanto aos sintagmas verbais (SV), esse pesquisador explicita que “um SV que constitui um sintagma frasal (SF) é introduzido por um verbo pleno seguido de complemento ou outro constituinte, comumente um sintagma preposicionado (Sprep)” (BORBA, 2003, p. 29). Assim sendo, de acordo com o autor, os sintagmas verbais subdividem-se em i) Verbo + Complemento (Nome), ii) Verbo[3] + Complemento (SN), iii) Verbo + Complemento (Sprep), iv) Verbo + Complemento1 + Complemento2, v) Verbo + Nome + Sprep, vi) Verbo + Sprep e vii) V + Oração.
Resultados e discussão
Bêbado(a)/beber como (o/um) gambá
Contando com um número de ocorrências nada desprezível no site do buscador Google – 29.758, o fraseologismo bêbado como gambá e suas variantes fundamentam-se em duas crenças controversas, sendo que a primeira tem como base o fato de que o gambá, pequeno marsupial a que a expressão se refere tem forte atração pela cachaça[4], conforme pesquisador da língua Nascentes (1966, p. 139) atribui o significado de “muito bêbado” para a variante bêbado com um gambá: "a gambá gosta muito de aguardente; por isso, para apanhá-la, bota-se-lhe ao alcance uma vasilha com esta bebida para que se embriague”. A segunda crença é explicitada por Riva (2009), que contempla a expressão com o significado de “muito bêbado” e atribui-lhe caráter irônico supostamente alusivo ao “animal de odor desagradável para comparação como odor de um indivíduo bêbado”.
O estudioso de línguas indígenas Tibiriçá (1984) registra o termo gambá como entrada de verbete, explicando tratar-se o mesmo de um “nome comum a vários marsupiais” e de uma “possível alteração de ygué-ambá, barriga oca, através de gua-ambá”. O lexicógrafo Houaiss (2001) também não contempla nenhuma das variantes da expressão, limitando-se a registrar a entrada de verbete gambá, que classifica como um regionalismo do Brasil de uso informal e que define como “ébrio, beberrão”. Ferreira (2004) por sua vez, registra a variante bêbado como gambá , não atribuindo-lhe porém, rubrica alguma e a ilustra com o seguinte exemplo extraído da Obra O cortiço, de Aluísio Azevedo: ‘Muito bêbado hein? – Como um gambá’”
As consultas realizadas no buscador Google demonstraram uma peculiaridade: a produtividade da expressão contendo o artigo indefinido um é extremamente superior à da mesma expressão com a ausência deste ou com a utilização do artigo o (especificador), fato que pode denotar uma generalização do discurso e insinuar que a “propensão ao alcoolismo” é inerente ao gambá, o que reitera o argumento de Nascentes (1966, 139) quanto à propensão do gambá ao consumo de álcool. O quadro I a seguir ilustra a produtividade das variantes dessa expressão:
Variantes da expressão |
Número de ocorrências |
Bêbado como gambá |
31 |
Bêbado como o gambá |
2 |
Bêbado como um gambá |
24.400 |
Bêbada como gambá |
1 |
Bêbada como o gambá |
0 |
Bêbada como um gambá |
910 |
Beber como gambá |
21 |
Beber como o gambá |
0 |
Beber como um gambá |
4040 |
Bebo como gambá |
0 |
Bebo como o gambá |
0 |
Bebo como um gambá |
3 |
Bebia como gambá |
7 |
Bebia como o gambá |
0 |
Bebia como um gambá |
343 |
Quadro I – Ocorrências da expressão bêbado/bêbada/beber como (um) gambá.
Outro fato notável quanto à utilização desse fraseologismo é que a proporção de ocorrências no gênero feminino é extremamente menor do que no gênero masculino. Esse fato demandaria um estudo à parte para apurar o índice de consumo de bebidas alcoólicas por parte de homens e de mulheres, mas partindo-se do pressuposto de que “o léxico da língua é que mais nitidamente reflete o ambiente físico e social dos falantes” (Sapir, 1969, 45), caracterizando-se assim como um espelho cultural da sociedade, é possível depreender que o consumo de álcool é muito maior entre os homens.
Concernente aos critérios de identificação dos fraseologismos expostos por Corpas Pastor (1996, 20), o primeiro traço que se faz notório na expressão em pauta é a variação de elementos sem alteração do significado global da unidade. É possível classificar a expressão bêbado/bêbada/beber como um gambá como um fraseologismo devido ao seu grau de institucionalização na norma do PB conforme demonstra o número de ocorrências e devido ao alto grau de idiomatismo, uma vez que a expressão por si só não permite ao interlocutor compreender seu sentido: é necessário que haja um conhecimento cultural (ou biológico até), para que se produza significação.
Já segundo os critérios classificatórios de fraseologismos da mesma autora (idem, 270), conclui-se que as variantes bêbado/bêbada como um gambá enquadram-se na categoria de locução adjetiva por definirem um estado do sujeito (estar bêbado ou muito bêbado), o que pode explicar porque na norma linguística do PB essas variantes são, usualmente, precedidas pelos verbos ficar ou estar, conjugados de acordo com o contexto, uma vez que estes são verbos de ligação e indicam o estado do sujeito. A variante beber como um gambá classifica-se como uma locução adverbial por indicar a intensidade com que o sujeito bebe – bebe muito, bebe demais, bebe em demasia, etc. Já com relação à classificação sintagmática de Borba (2003, p. 28), a variante bêbado/bêbada como (o/um) gambá exemplifica um sintagma nominal do tipo Nome + Sintagma Preposicionado. É valido lembrar que de acordo com esse autor, os sintagmas nominais podem ser introduzidos por verbos de suporte, que segundo ele (idem, p. 28), são os verbos ser, estar, ficar e ter. Já quanto à variante beber como (o/um)gambá, esta de acordo com os critérios classificatórios de Borba (2003, p. 30), configura um sintagma verbal do tipo verbo + sintagma preposicionado.
Boca de siri
Com um número aproximado de 46.900 ocorrências no site do buscador Google, a unidade fraseológica boca de siri intitula uma música gravada por Odete Amaral em 1941[5] e que foi regravada em 2004 (após 63 anos) por Zélia Duncan[6], o que nos dá mostras da cristalização dessa unidade na fraseologia brasileira.
Com referência à dicionarização, Tibiriçá (1984) pelo caráter de sua obra registra apenas o verbete de entrada siri que define como “var. de crustáceo muito comum nas praias”. Já Houaiss (2001) registra a expressão como entrada de verbete, com os elementos separados por hífen, e a classifica como regionalismo do Brasil de uso informal. Esse pesquisador atribui ainda duas categorizações gramaticais e duas acepções à expressão boca de siri: na primeira, classifica-a como substantivo feminino e a define como “atitude de reserva; silêncio”, exemplificando-a por meio da frase “ela fez boca de siri quanto ao combinado”, na segunda, categoriza-a como interjeição, definindo-a como “voz com que se pede ou sugere discrição, reserva; silêncio, caluda”.
Ferreira (2004), de modo análogo, registra a expressão com os elementos separados por hífen, classificando-a, no entanto, como um Brasileirismo familiar. Reitera as categorizações gramaticais apresentadas por Houaiss (2001), e atribui duas acepções para esse fraseologismo, sendo que, enquanto substantivo feminino, o define como “silêncio; discrição; reserva”, e o exemplifica com a frase “Contou a novidade, mas recomendou boca de siri”, e enquanto interjeição o define como uma expressão “que serve para pedir silêncio, discrição”. O estudioso Riva (2009) por sua vez, define a unidade como “sem dizer nada, sem revelar nada” e faz alusão ao reduzido tamanho da boca do siri, fato que embasa semanticamente a expressão e que é reiterado por Nascentes (1966, p. 38): “o povo vê no siri um animal sem boca; logo, não pode falar”.
De acordo com as características listadas por Corpas Pastor (1996, p. 20), o significativo índice de ocorrências do fraseologismo em questão bem como seu alto grau de fixação indica tratar-se este de uma expressão cristalizada, institucionalizada em nossa língua. Já conforme os critérios de classificação estipulados pela autora, (idem, 1996, p. 270), o fraseologismo boca de siri enquadra-se na categoria de locução adverbial, uma vez que geralmente inclui-se nos contextos oracionais com o significado de modo. No tocante ao critério de classificação sintagmática de Borba (2003, p. 28), depreende-se que a expressão boca de siri corresponde a um sintagma fixo de categoria nominal do tipo nome + sintagma preposicionado.
Boi de piranha
Configurando-se como a mais produtiva dentre as selecionadas para este estudo, a expressão boi de piranha, que conta com um altíssimo índice de ocorrências no site do buscador Google – cerca de 169.000 resultados – não é registrada por Houaiss (2001). O lexicógrafo Ferreira (2004), por sua vez, a registra e a classifica como um Brasileirismo que designa um boi “que o vaqueiro faz atravessar o rio antes da boiada para saber se há ou não piranhas”. Esse estudioso registra ainda sentido figurado para a expressão: “pessoa que, em um grupo, é submetida ou se submete a um sacrifício ou experiência para favorecer os companheiros”. Tibiriçá (1984) em seu dicionário de tupi registra o termo piranha como um neologismo que significa tesoura; e que segundo ele é o mesmo que pirãia, termo definido como “peixe de dente aguçado terrivelmente agressivo”.
Já Riva (2009) traz a expressão boi de piranha como marca registrada e a define como “pessoa sobre quem recaem os erros de outrem [orig.: pantaneira; alusão ao ato de levar um velho boi em um rio para saber se há piranhas lá. Em caso positivo, o tal boi é devorado pelas piranhas e o restante da boiada pode atravessar o rio]”. Essa definição é reiterada por Nascentes (1966, p. 40): “aquele [boi] magro, enfezado, que vai na frente do lote, quando se atravessa um rio. Enquanto as piranhas o atacam, os outros passam livremente”.
A expressão constitui ainda o título de uma música de Petrúcio Amorim, gravada em 2004[7], o que demonstra seu alto grau de institucionalização na norma linguística do PB, haja vista que 38 anos decorreram desde a publicação da obra de Nascentes até a gravação da música por Amorim.
Isso posto, considerando-se os critérios de identificação dos fraseologismos estipulados por Corpas Pastor (1996, 20), é possível inferir-se que a expressão boi de piranha qualifica-se como um fraseologismo devido à sua cristalização na norma linguística do PB, à sua fixação e ao alto grau de idiomatismo que nela se encerra, pois uma vez que a fundamentação sêmica da expressão parte de uma prática do homem pantaneiro, faz-se necessário um prévio conhecimento desse contexto para que a expressão produza sentido, não deixando de ser notório o fato de que fundamentando-se semanticamente em um contexto tão peculiar, a expressão apresente o maior índice de frequência dentre todas as aqui pesquisadas.
Ainda conforme a classificação de Corpas (1996, 20), é possível incluir a expressão boi de piranha dentre as locuções nominais ou adjetivas dependendo do contexto oracional em que esta estiver inserida. Quanto à classificação sintagmática de Borba (2003, p. 28), verifica-se tratar-se o fraseologismo em questão de um sintagma nominal do tipo nome + sintagma preposicionado.
Comer (o/um) gambá errado
Com relação à expressão comer (o/um) gambá errado, a consulta ao site do buscador Google totalizou 33.519 ocorrências considerando-se todas as variantes. Apesar desse índice nada desprezível, no entanto, a expressão é registrada apenas por Ferreira (2004), que a classifica como um Brasileirismo e que a define por meio de outro fraseologismo: comprar gato por lebre, o que torna a definição redundante, circular, uma vez que para compreender-se o sentido de uma expressão é necessário conhecer ou desvendar o sentido de outra. Partindo da lexia gato, esse lexicógrafo registra a expressão comprar gato por lebre, que classifica como termo popular e que define como “ser enganado, recebendo coisa pior do que a devida ou esperada”. Tibiriçá, conforme mencionado na análise do fraseologismo bêbado como um gambá e de suas variantes, registra a unidade lexical gambá definindo-a como “nome comum a vários marsupiais” e de uma “possível alteração de ygué-ambá, barriga oca, através de gua-ambá”.
Mediante o exposto, é possível inferir-se que o sentido negativo da expressão advenha do fato de que comer gambá é algo incomum e não desejável por nenhuma pessoa. Não deixa também de ser notório o fato de que a expressão é quantitativamente produtiva quando utilizada com o verbo no infinitivo, ou seja, de modo impessoal, sendo ao contrário, claramente improdutiva com o verbo conjugado tanto na primeira quanto na terceira pessoa.
Quanto aos critérios indicadores de fraseologismos apresentados por Corpas Pastor (1996,20), destacam-se a institucionalização, indicada pelo alto índice de ocorrências do fraseologismo no Google, o idiomatismo e a semi-fixidez apresentada, uma vez que é possível flexionar-se o verbo, sem, contudo, alterar o sentido global da expressão. É possível ainda inferir-se que o fato de a variante com verbo no infinitivo (marcando impessoalidade) e com ausência de determinantes (indicando generalização) apresentar esmagadora maioria de ocorrências indique uma tendência dos falantes de concretizarem por meio da língua um afastamento daquilo que julgam negativo, desagradável ou difícil de assumir, como a condição de ser enganado, “passado para trás” como indica a expressão em foco. A ausência de marcação temporal também contribui para a generalização no uso da expressão. O quadro II a seguir, ilustra os índices de ocorrências das variantes pesquisadas para a expressão:
Fraseologismos |
Número de ocorrências |
Comer gambá errado |
33.500 |
Comer o gambá errado |
4 |
Comer um gambá errado |
0 |
Comeu gambá errado |
8 |
Comeu o gambá errado |
1 |
Comeu um gambá errado |
0 |
Comi gambá errado |
4 |
Comi o gambá errado |
1 |
Comi um gambá errado |
0 |
Como gambá errado |
0 |
Como o gambá errado |
0 |
Como um gambá erado |
0 |
Come gambá errado |
1 |
Come o gambá errado |
0 |
Come um gambá errado |
0 |
Comia gambá errado |
0 |
Comia o gambá errado |
0 |
Comia um gambá errado |
0 |
Quadro II– Ocorrências da expressão Comer (o/um) gambá errado
Quanto às características estabelecidas como definitórias dos fraseologismos por Corpas Pastor (1996, p.20), infere-se que a variante comer gambá errado está institucionalizada na norma linguística brasileira conforme demonstra seu alto índice de ocorrência no site do buscador Google. Além disso, a fixação e a idiomaticidade apresentadas por essa variante terminam por inseri-la no âmbito dos fraseologismos.
Quanto aos critérios de classificação elaborados pela autora (idem, 1996, 9. 270), é possível compreender a expressão em pauta como uma locução frasal, uma vez que possui sentido completo. Já quanto ao critério de classificação de sintagmas de Borba (2003, p. 29), a expressão caracteriza-se como um sintagma verbal do tipo Verbo + complemento (sintagma nominal).
Em rio que tem piranha, jacaré nada de costas
Já a expressão em rio que tem piranha, jacaré nada de costas[8], possui um índice de frequência de uso consideravelmente menor que os fraseologismos anteriores, contando com aproximadamente 17.100 ocorrências no site do buscador Google, chamando a atenção por não ser contemplada por nenhum dos três dicionários pesquisados. Ressaltamos que Tibiriçá (1984) registra o termo jacaré sob a rubrica da mitologia definindo-o como “o primeiro monstro anfíbio surgido nas águas”. Esse fato talvez se deva ao tipo de construção da expressão, o frasal, que pode acarretar muitas dúvidas quanto ao critério de dicionarização: como registrar a entrada de tal expressão no dicionário? Deve-se registrar a partir da lexia jacaré ou da lexia piranha? Ou ainda do item lexical rio? Ou seria mais coerente considerar o verbo nadar como ponto de partida para o registro? Proceder à dicionarização de fraseologismos é tarefa bem mais complexa do que parece, pois é necessário que se estabeleçam critérios bem definidos, principalmente em se tratando de dicionários fraseológicos, caso contrário, corre-se o risco de elaborar-se um “labirinto” no qual dificilmente o usuário conseguirá situar-se.
Quanto à classificação proposta por Corpas Pastor (1996, p. 20), por tratar-se o fraseologismo em pauta de uma construção frasal com sentido completo, não é possível classificá-la como uma locução e muito menos como uma colocação. De acordo com os critérios classificatórios dessa autora, a expressão em rio que tem piranha, jacaré nada de costas, classifica-se como um provérbio, dado o seu caráter informal e popular, sua autoria anônima e sua comum aceitação na norma linguística do PB (cristalização ou institucionalização). Além disso, o fraseologismo possui alto grau de figurativização para denotar esperteza e sagacidade.
Por possuir caráter sentencioso, o fraseologismo em questão é sempre utilizada no tempo presente e como destaca Borba (2003, p. 37) “a partir do sentido metafórico chega-se a um valor genérico que é uma constatação ou um preceito relativo à conduta do homem em seu meio, o que resulta de um certo tipo de vivência”. Desse modo,
“o estudo dos provérbios pode ter um grande interesse não só para a psicologia social, mas também para a antropologia cultural, já que, por si só, eles podem até chegar ao ponto de fisionomizar uma dada cultura (idem, p. 38). Esse posicionamento do autor reitera nosso argumento inicial sobre a existência de um forte vínculo entre a linguagem, a cultura e a sociedade.
Ficar/estar uma arara
Com relação à expressão ficar/estar uma arara, esta não é contemplada por Nascentes (1966) e por Houaiss (2001), já Ferreira (2004) menciona estar uma arara, que define circularmente como ficar uma arara, e na sequência, registra a forma ficar uma arara, que define como “ficar muito irritado; estar uma arara”.
Riva (2009), por sua vez, apesar de mencionar a expressão em pauta no decorrer do texto de sua tese, não a inclui no produto final desta, que é justamente o dicionário onomasiológico consultado para esta pesquisa. Tibiriçá (1984) não define o termo arara, apenas registrando-o como designativo de uma ave.
Já a busca da expressão ficar/estar uma arara no site do Google – que totaliza 73.667 ocorrências – demonstra que o contexto é um fator decisivo para as escolhas que comporão a produção textual do falante:
Verbo |
Número de ocorrências |
Ficar |
|
Infinitivo |
6.800 |
fica |
6.650 |
fico |
3.360 |
ficou |
20.000 |
fiquei |
5.700 |
ficava |
1.950 |
Estar |
|
Infinitivo |
2580 |
está |
19.800 |
estou |
617 |
estive |
0 |
estava |
6.210 |
esteve |
0 |
Quadro III – Ocorrências da expressão ficar/estar uma arara (variação verbo-temporal em 14/09/2011)
Nota-se que os maiores índices de produtividade implicam situações “prontas e acabadas” denotadas por meio do verbo ficar no pretérito perfeito do modo indicativo na terceira pessoa do singular. Já as situações vivenciadas no presente (no ato do discurso) são denotadas pelo verbo estar, também conjugado na terceira pessoa do singular, isso posto, é possível inferir que a expressão em pauta é muito mais recorrente quando os usuários do PB referem-se a terceiros do que quando se referem a si mesmos. É possível que isso se deva ao fato de que o fraseologismo ficar/estar uma arara denota um sentimento considerado negativo pela nossa sociedade – a raiva – e por isso difícil de ser assumido, principalmente sob a figura de um animal.
Quanto às características definitórias de fraseologismos elaboradas por Corpas Pastor (1996,20), destacamos a institucionalização, aqui indicada pelo alto índice de ocorrência da expressão no site do Google, a fixidez parcial, uma vez que há variação de um dos índices lexicais da expressão – o verbo, sem, no entanto, alterar-lhe o sentido, e a idiomatização. É possível que o figurativismo desse fraseologismo advenha do fato de que a arara, geralmente uma ave dócil, pode tornar-se agressiva em algumas circunstâncias, o que pode explicar o fato de o fraseologismo em questão ser composto por verbos que exprimem estados e não situações definitivas: “esta ave, quando criada desde filhote em cativeiro e alimentada na mão, fica mansa com conhecidos e afeiçoa-se especialmente à pessoa que cuida dela, mas com estranhos mostra-se arredia e, às vezes, até agressiva”[9].
Quanto à classificação pautada nos critérios classificatórios estabelecidos pela autora (1996, p. 270), conclui-se que a expressão ficar/estar uma arara constitui uma locução verbal, haja vista tratar-se de um enunciado que não possui sentido completo, funcionando como elemento oracional para exprimir um estado de determinado sujeito. Concernente à classificação sintagmática de Borba (2003, p. 29), a expressão configura-se como um sintagma verbal do tipo verbo + complemento (sintagma nominal).
Jacu do mato
A próxima expressão selecionada para este trabalho, jacu do mato, conta com um número de 7.880 ocorrências no site do buscador Google, porém não é registrada por nenhum dos dicionários pesquisados. Ferreira (2004) registra a lexia jacu com remissão ao item lexical caipira, acepção de cunho pejorativo, enquanto Tibiriçá (1984) define jacu como “certa ave galinácea, de carne saborosa”.
A busca das características da ave demonstrou que apesar de haver sete espécies dessa ave, oficialmente não há nenhuma denominada jacu do mato, fato que pode indicar que a expressão “do mato” seja uma denominação popular com ênfase pejorativa utilizada para a categorização de sujeitos classificados como tímidos, arredios ou antissociais. É possível ainda que o comportamento apresentado por uma das espécies de jacu existentes no Brasil, a denominada jacu-de-barriga-castanha, relacione-se à fundamentação semântica da expressão jacu do mato:
é uma espécie pouco conhecida na natureza. Tem um comportamento arredio, afastando-se ao menor sinal de perturbação. Apesar do seu tamanho e vôo pesado, rapidamente movimenta-se do chão ou partes baixas da mata para a copa e desaparece entre as folhas. Ao contrário dos outros jacus, não costuma ficar dando seguidos gritos de alarme. Geralmente, é vista como uma silhueta de passagem, assustada. [10]
Dentre as características definitórias de fraseologismos estabelecidas por Corpas Pastor (1996, p. 20), a expressão jacu do mato apresenta a institucionalização, indicada pelo índice de ocorrências no Google, a fixação e em alto grau, a idiomaticidade, uma vez que se faz necessário conhecer o comportamento da ave em questão para que a expressão produza sentido. Quanto ao critério de classificação dos fraseologismos apresentado pela autora (idem, p. 270 é possível depreender que a expressão pode situar-se tanto entre as locuções nominais quanto entre as adjetivas, dependendo do contexto em que estiver inserida). No tocante à classificação sintagmática de Borba, compreende-se que a expressão constitui um sintagma nominal do tipo nome + sintagma preposicionado.
Nariz de tucano
Com cerca de 79.500 ocorrências no site do buscador Google, a expressão nariz de tucano é a segunda mais produtiva dentre as selecionadas para este trabalho, não sendo, porém, registrada pelos dicionários gerais da língua portuguesa de Houaiss (2001) e de Ferreira (2004). Riva (2009), no entanto, registra a expressão como designativa de “nariz pontudo e recurvado [pej.; orig.: alusão à ave de bico muito grande]” e a classifica como pejorativa, explicação reiterada por Nascentes (1966, p. 193), que define a expressão em pauta como “o [nariz] comprido e arredondado, lembrando o [bico] do tucano”. O estudioso de línguas indígenas Tibiriçá (1984) registra a forma tucana com alusão a tucano, que segundo o autor designa um pássaro.
De acordo com os critérios definitórios de Corpas Pastor (1996, p. 20), é possível classificar a expressão nariz de tucano como um fraseologismo, pelos quesitos de frequência, uma vez que a ocorrência conjunta dos elementos que compõem a expressão é maior do que a ocorrência individual deles, pela institucionalização, indicada pelo alto índice de ocorrências no site do Google, pela fixação e pela idiomaticidade, sendo necessário conhecer a ave para atribuir significado à expressão.
Com relação aos critérios classificatórios apresentados pela autora, é possível inserir a expressão nariz de tucano tanto no âmbito das locuções nominais quanto das adjetivas, haja vista que seu papel enquanto elemento oracional também dependerá do contexto em que estiver inserida. Quanto à classificação sintagmática de Borba, é possível considerar-se o fraseologismo como um sintagma nominal do tipo nome + sintagma preposicionado.
Perna de saracura
Na sequência, temos a última expressão selecionada para este trabalho: perna de saracura, que conta com aproximadamente 37.300 ocorrências no buscador Google e intitula uma música de autoria do DJ Daniel Campos[11], não sendo, porém, contempladas pelos dicionários Houaiss (2001) e Ferreira (2004). O estudioso Riva (2009), por seu turno, define a expressão como “perna fina e longa [pej.; orig.: alusão à imagem da saracura, ave de pernas finas e alongadas]”, definição reiterada por Nacentes (1966, p. 231) que acrescenta ainda a explicação de que a expressão é peculiar ao estado brasileiro do Ceará com o significado de “indivíduo que arrasta uma das pernas, que é mole. Tibiriçá (1984), por seu turno, contempla a lexia saracura como designativa de “ave gruiforme fa fam. dos ralídeos”, definição que atribui a Geraldo Cunha.
Dentre as características apontadas por Corpas Pastor (1996, p. 20) como inerentes aos fraseologismos, identificamos na expressão pernas de saracura a institucionalização, fato demonstrado pelo número de ocorrências no site do buscador Google, a fixação e o idiomatismo, que como em outros casos já analisados neste trabalho, exige um conhecimento da fisiologia da ave para que haja inferência de sentido. Com relação aos critérios classificatórios dos fraseologismos, elaborados pela mesma autora (1996, 270), percebe-se que é possível incluir-se a expressão perna de saracura tanto no rol das locuções nominais quanto das adjetivas, uma vez que seu papel enquanto elemento oracional dependerá do contexto. Quanto à classificação elaborada por Borba (2003, p. 28), verifica-se que a expressão perna de saracura configura-se como um sintagma nominal do tipo nome + sintagma preposicionado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além das considerações efetuadas no decorrer do texto, observamos que o presente estudo dá mostras de que os fraseologismos refletem a concepção de mundo de determinada sociedade, refletindo assim suas crenças, suas ideologias e seus costumes. Diante disso, a análise e registro desses elementos linguísticos podem contribuir para a elaboração de dicionários gerais da língua portuguesa, mais próximos da realidade linguística dos usuários, uma vez que o léxico pode refletir o comportamento da sociedade como demonstra a análise da expressão bêbado/bêbada/beber como um gambá.
O trabalho evidenciou também que o domínio e o registro dos fraseologismos do PB serão úteis no ensino de português como língua materna e, principalmente, como língua estrangeira, considerando que sua conotação semântica é demasiado peculiar e exige dos interlocutores um conhecimento vocabular culturalmente contextualizado para que o ato comunicativo se concretize. Em poucas palavras diríamos que a compreensão de um fraseologismo ultrapassa a decodificação de palavras.
Outro aspecto identificado pela pesquisa é de que embora os estudos no âmbito da Fraseologia tenham avançado consideravelmente em nosso país, ainda há diversas lacunas a serem preenchidas, principalmente no que se refere à dicionarização dos fraseologismos.
O trabalho deu mostras ainda de que assim como em outros âmbitos, a contribuição do tupi foi significativa para a consolidação da fraseologia brasileira – ao todo esta pesquisa contempla 494.624 ocorrências de designações para animais nessa língua, o que consequentemente resulta em significativa contribuição para a norma linguística da vertente brasileira da língua portuguesa, além disso, evidenciou-se que geralmente os fraseologismos que correspondem a locuções nominais segundo Corpas Pastor (1996) ou como sintagmas nominais de acordo com Borba (2003) possuem sentido pejorativo.
Ressalta-se ainda que o fato de que praticamente metade dos fraseologismos estudados estarem registrados por Nascentes (1966), evidencia sua cristalização na língua, uma vez que praticamente meio século se passou desde a edição da obra desse estudioso.
Outra importante contribuição da pesquisa é a evidência de que apesar do alto índice de frequência e de institucionalização apresentado por determinados fraseologismos, nota-se que eles não são registrados pelos dicionários gerais da língua portuguesa consultados, o que pode levar ao questionamento de quais critérios os lexicógrafos consideram para registrar ou não os fraseologismos. Esse questionamento se deve ao fato de que atualmente a lexicografia tem recorrido à linguística de corpus para a composição de suas obras, e que as ferramentas computacionais têm sido de grande valia como indicadora de frequência do uso real de determinadas palavras ou expressões, sendo inclusive determinantes quanto à inclusão ou exclusão de conteúdos em obras do gênero. A nosso ver, esse questionamento pode levar os autores de obras lexicográficas a uma reflexão e a uma posterior ação no sentido de incluir ou não e em caso afirmativo, como incluir e abordar os fraseologismos tanto em dicionários monolíngues como bilíngues.
REFERÊNCIAS
AMORIM, Petrucio. Boi de piranha. Intérprete: Petrucio Amorim, In: Deus do Barro Polygram, 2004. Disponível em < http://www.petrucioamorim.com.br/principal/> Acesso em 23 Dez 2014.
BORBA, Francisco da Silva. Organização de Dicionários: uma introdução à lexicografia. São Paulo: Editora UNESP, 2003, 356 p.
CAMPOS, Daniel. Perna de saracura. Intérprete: Daniel Campos. In: Otras. Disponível em <http://letras.mus.br/dj-daniel-campos/1506865/> Acesso em 18 Dez 2014.
CORPAS PASTOR, G. Manual de fraseologia española, Madrid: Gredos, 1996.
DUNCAN, Zelia. Boca de siri. Intérprete: Zélia Duncan. In: Eu me transformo em outras, Universal, 2004. Disponível em: Acesso em <http://www.radio. uol.com. br/#/ album/zelia-duncan/eu-me-transformo-em-outras/12608> Acesso em 22 Dez 2014.
JACU-DE-BARRIGA-CASTANHA. Disponível em <http://wikiaves.com.br/penelope> Acesso em 18 Dez 2014.
MELO, Gladstone Chaves de. A língua do Brasil. 4. ed. melhorada e aumentada. Rio de Janeiro: Padrão, 1981.
MÚSICA CHIADOS. Boca de siri. Intérprete: Odete Amaral, Odeon, 1941. Disponível em: < http://musicachiado.webs.com/gravacoesraras/OdeteAmaral.htm > Acesso em 22 dez 2014.
NASCENTES, Antenor. Tesouro da Fraseologia Brasileira. São Paulo: Livraria Freitas Bastos, 1966, 316 p. Disponível em <http:// books.google.com.br/books/about /Tesouro_ da_fraseologia _brasileira.html?hl=pt-BR&id=y8pQAAAAMAAJ > Acesso em 26 dez 2011.
PORTAL SÃO FRANCISCO. Arara: criar para preservar. Disponível em <http://por talsaofrancisco.com.b r/alfa/ animais/animais-arara.php>. Acesso em 20 Dez 2014.
RIVA, Huélinton Cassiano. Dicionário onomasiológico de expressões idiomáticas usuais na língua portuguesa do Brasil. São José do Rio Preto, 2009. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista.
SAPIR, Edward. Língua e ambiente (1969). Lingüística como ciência. Ensaios. Livraria Acadêmica, 1969, p. 43-62.
TIBIRIÇÁ, Luís. Caldas. Dicionário Tupi Português – Com esboço de gramática de Tupi Antigo. São Paulo: EditoraTraço, 1984.
[1] No Português Brasileiro a ordem usual é advérbio + adjetivo.
[2]Cremos tratar-se aqui de um erro de digitação e que na realidade a classificação apresentada por Borba (2003, p. 29) para este item seja “adjetivo + nome”, uma vez que todos os exemplos apresentados pelo autor para esse tópico (e aqui reproduzidos) seguem essa configuração: “boa vontade, boas vindas, falsa modéstia, má-vida”
[3] Cremos tratar-se aqui novamente de um erro de digitação e que na realidade a classificação apresentada por Borba (2003, p. 29) para este item seja “V + Compl (SN)”, uma vez que todos os exemplos apresentados pelo autor para esse tópico (e aqui reproduzidos) são introduzidos por um verbo: “ver passarinho verde, fechar o balaio, capar o gato, pagar o gato, fazer uma boquinha”.
[4] Típica bebida alcoólica do Brasil.
[5]Disponível em: < http://musicachiado.webs.com/gravacoesraras/OdeteAmaral.htm> Acesso em 22 Dez 2014
[6] Disponível em: Acesso em <http://www.radio. uol.com. br/#/ album/zelia-duncan/eu-me-transformo-em-outras/12608> Acesso em 22 Dez 2014.
[7] Disponível em <http://www.petrucioamorim.com.br/principal/ > Aceso em 23 Dez 2014.
[8] Consideramos como ponto de partida para a análise deste fraseologismo a lexia jacaré.
[9]Disponível em <http://portalsaofrancisco.com.br/alfa/animais/animais-arara.php>. Acesso em 20 Dez 2014.
[10] Disponível em < http://www. wikiaves.com.br/penelope> Acesso em 18 Dez 2015.
[11] Disponível em <http://letras.mus.br/dj-daniel-campos/1506865/>Acesso em 18 Dez 2014.